FEMAC 25 anos - Como conheceu a FEMAC e porque atuou no movimento.
Ângela Teixeira de Paula - Primeiro ocupei o cargo no departamento da mulher no mandato do Eduardo Navarro. Com a renúncia do Eduardo a FEMAC ficou parada um tempo por questões internas. Devido a este vazio, esta falta de coordenação, nós chamamos uma reunião no sindicato dos marceneiros com toda a Diretoria, inclusive com presença da Luíza de Marilac que era vice-coordenadora. Nesta reunião o Eduardo confirmou a renúncia, confirmou que não era mais o coordenador da FEMAC, a Luíza também, da mesma forma confirmou a renúncia e FEMAC ficou sem coordenação. Alguns Diretores também saíram. Outra reunião foi convocada para substituir provisoriamente, os diretores e uma nova coordenação. Meu nome foi indicado e acatado para conduzir a FEMAC até que uma nova eleição fosse realizada. Diante disso, eu fiz algumas restrições, indiquei alguns nomes como o João Albino, a Maria Célia de Oliveira e mais alguns nomes para recompor os cargos que estavam vagos e dar continuidade. Nós assumimos este mandato provisório e organizamos uma nova eleição.
FEMAC 25 anos - E sobre os Bairros: sabe nos informar a realidade dos bairros/ do seu bairro/ da sua região antes da FEMAC e o que aconteceu após a criação da FEMAC ou em função da atuação do movimento comunitário nos bairros e consequentemente na cidade?
Ângela Teixeira de Paula – Vou falar dos oitos anos que a nossa equipe trabalhou. Foi uma diretoria que se dava apoio. Eu nunca falo que eu fiz. Eu falo que nós fizemos. Nós trabalhamos muito. Mas teve um período que a FEMAC ficou inteiramente sem chão por questões políticas mesmo. Talvez por eu ser uma mulher a frente da FEMAC teve alguns casos que houve certa discriminação, por eu ser mulher. Neste momento eu reuni a coordenação e decidimos que a FEMAC não podia parar. Então neste momento nós priorizamos a reorganização do movimento. Havia muitas associações paradas, com documentação atrasada, sem estatuto. Nós priorizamos a reorganização, inclusive começamos a trabalhar a zona rural. Através da Rosângela que era extensionista da EMATER, nós chegamos à zona e ajudamos na organização de estatuto, eleições em diversas comunidades como: Barrinha, Miragaia, Diamante, Córrego Santo Anastácio, todas associações de moradores, vinculadas e FEMAC como Zona Rural. Nós tentamos criar associações em Ubeba, córrego da zoeira que não se firmaram, mas a maioria permanece até hoje. Não só a zona rural, mas como dito anteriormente, muitas associações urbanas estavam com problemas de documentação, algumas com eleições vencidas. Nós reorganizamos estas associações.
FEMAC 25 anos - É competência estatutária da FEMAC contribuir com a organização/formação e capacitação de dirigentes comunitários. A FEMAC realizou muitos eventos e atividades desta natureza. Pode enumerar alguns eventos realizados ao longo dos 25 anos que marcaram a trajetória da FEMAC e por quê?
Ângela Teixeira de Paula – Nós fizemos também várias capacitações e muitos encontros com assessores de fora.
O Dia do líder e o dia da Mulher são eventos muito importantes para a FEMAC. Eu penso que o dia do Líder é a maneira que você tem para retribuir aquilo que uma pessoa faz voluntariamente. É reconhecer o que a pessoa fez na comunidade. O Prêmio Irmã Marisa Costa, na nossa época era um pouco diferente. As homenageadas não eram só as mulheres do movimento comunitário, era ampliado para mulheres que desenvolvia trabalhos sociais em outras instituições, entidades e organizações. Como por exemplo, as mulheres da polícia militar que contribuíram nos Conselhos de Segurança junto às comunidades. O fim dos CONSEPS foi uma perda muito grande.
FEMAC 25 anos - Nesta linha de eventos o Fórum Social Cristão foi importante para o movimento, por quê?
Ângela Teixeira de Paula- O Fórum social é uma atividade que não devia ter acabado, porque na situação que a gente vive, de busca da religiosidade, de disputa entre religiões, da violência, o fórum social cristão hoje, nossa! E o Fórum Social Cristão veio para isso. Porque era um espaço que nós trabalhávamos o ecumenismo com todas as religiões: católicos, espíritas, evangélicos, o pessoal dos terreiros que participavam. O Fórum foi um grande evento que nós conseguimos fazer por dois anos e foi uma pena não ter conseguido continuar.
FEMAC 25 anos - A FEMAC desenvolveu muitas parcerias ao longo de sua existência com sindicatos, igrejas, associações e órgãos públicos. Pode falar de alguma destas parcerias: importância e resultados?
Ângela Teixeira de Paula - O Sindicato dos marceneiros foi um grande parceiro, não só da FEMAC, mas de várias outras entidades e associações. Lembro-me do Núcleo de Assistentes Sociais que começou lá nos marceneiros. O Solano Trindade também começou lá, o movimento jovem. Eu acho que a parceria é fundamental. Nós tivemos grandes parceiros. Na nossa época se não fossem os parceiros. Podemos citar a Associação dos Empregados no Comércio que sempre emprestava o salão para os eventos sem cobrar. O Santa Isabel Saúde foi grande parceiro; a FAGOC; A UNIMED; O Colégio Sagrado Coração de Maria. Tivemos parceria de fora de Ubá que foram os Agostinianos, e com a FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - com os quais nós tivemos financiamento através de projetos aprovados. Nós tivemos grandes parceiros que foram essenciais para nós. O sindicato rural também foi um importante parceiro. Nós chegamos a ter um programa na rádio ubaense parecido com o programa do sindicato rural.
FEMAC 25 anos – comentário - A questão dos projetos é importante destacar porque não é uma pratica habitual da FEMAC.
FEMAC 25 anos - A FEMAC teve também muitos apoiadores ao longo da história de 25 anos. Um importante apoiador foi o Dr. Antônio da Paixão Carneiro, presidente do Sindicato Rural de Ubá. Sabe nos falar sobre as lutas deste período e a importância desta personalidade para a FEMAC.
Ângela Teixeira de Paula- O Dr. Antônio e o Santinho Barreto tiveram participação efetiva na FEMAC e foi uma perda muito grande.
FEMAC 25 anos - A Logomarca da FEMAC é constituída de um triângulo com as palavras: na base CIDADANIA, de um lado NEGOCIAÇÃO e de outro lado MOBILIZAÇÃO. Pode nos falar sobre o significado desta logomarca. E qual lado deste tripé foi mais destacado ao longo destes 25 anos na sua percepção. E se este tripé ainda atende as necessidades do movimento.
Ângela Teixeira de Paula - Nós chegamos até fazer uma alteração. Quando nós fomos reformar o estatuto para adquirir recurso teve uma palavra que precisava ser alterada. Não me recordo bem o que mudou, mas é uma palavra.
Nós tivemos que adequar o estatuto que estava muito antigo. Houve tensão grande com um membro da FEMAC por causa desta mudança. Tudo que a gente fazia no nosso mandato era em assembleia. Nós nos reuníamos de dois em dois meses no salão vermelho e só tomávamos as decisões mediante aprovação da plenária. Quando a coordenação tinha que tomar decisão imediata no período entre uma reunião e outra, nós dávamos uma pré-resposta e referendava aquela decisão na próxima assembleia. Se a assembleia acatasse, tudo bem, se não a gente voltava atrás. Nós colocamos a mudança do estatuto em assembleia porque a FEMAC precisava de recurso. A FEMAC não tinha recurso. Para gente se enquadrar dentro da Assistência Social, que é de onde a FEMAC recebe o recurso hoje, que viabiliza o pagamento do aluguel, água e luz, nós tivemos que adequar o estatuto, caso contrário não teríamos recurso, porque a FEMAC não estava apta para este recebimento, e por isso entendemos que tínhamos que fazer esta reforma no estatuto.
FEMAC 25 anos - Você foi a única mulher que dirigiu a FEMAC: você falou acima sobre discriminação por causa da sua condição de mulher na condução do movimento: pode explicar melhor
Ângela Teixeira de Paula - Eu penso que a maior dificuldade não foi na condução interna, porque eu contava com muito apoio e respeito tanto dos diretores, quanto dos presidentes. A questão foi política mesmo, mas externo. Eu acho que o pessoal não estava acostumado a ver uma mulher a frente do movimento, talvez fosse isso. Nossas reuniões eram muito participativas. Em todas as nossas reuniões de dois em dois meses, o salão vermelho lotava ao ponto de ficar gente em pé. Havia uma reunião mensal, só da diretoria e de dois em dois meses com as afiliadas.
FEMAC 25 anos - A FEMAC e a sua ação institucional - Desde a sua fundação a FEMAC tem uma participação muito efetiva nos conselhos de políticas públicas. Como era antes da FEMAC e o que mudou. Quais foram os avanços ao longo destes 25 anos de atuação nos conselhos.
Ângela Teixeira de Paula - Quando eu iniciei no mandato provisório a FEMAC já tinha alguma participação nos conselhos, principalmente no da Saúde que é o conselho mais antigo que o movimento tem representatividade. Nós iniciamos no mandato provisório que coincidiu com o prefeito Dirceu Ribeiro e nós tínhamos um relacionamento bom, portanto o salão vermelho sempre esteve de portas aberta pra gente. Nós começamos com uma participação pequena nos conselhos e daí foi só crescendo, porque foram surgindo novos conselhos: (Habitação, Assistência Social, o CONSEA), na medida em que estes conselhos foram sendo criados ou reorganizados, a FEMAC sempre tinha representatividade nos mesmos. A FEMAC era muito atuante nestes conselhos e eu acredito que até hoje Ela ainda é atuante, principalmente na parte de controle social mesmo. Nesta parte eu penso que nenhum dos coordenadores que passaram pela FEMAC deixou a desejar.
FEMAC 25 anos - A FEMAC e Poder Executivo - Como foi à relação nestes 25 anos? Na sua vivência quais foram os momentos de maior tensão e por quê? Quais foram os fatos e momentos convergentes e por quê? Qual o aprendizado para o movimento comunitário?
Ângela Teixeira de Paula - Já como o executivo eu achei que teve certa divergência. Talvez até por questão partidária. Talvez não caminhamos muito pra frente por causa desta questão interna partidária. A gente tinha opinião contrária, eu disputei a presidência do PT contra o Sereno talvez isso possa ter contribuído. E uma das coisas que me chateou muito, logo no início do mandato do Vadinho, enquanto poder executivo foi a questão da sede da FEMAC. Era hábito da FEMAC se reunir com o prefeito logo no início do mandato do prefeito. Nós reunimos a FEMAC e vimos que a sede própria era uma necessidade. A FEMAC é uma Federação grande, sólida, muito respeitada, inclusive fora de Ubá, pela FAMEMG, CONAM e precisava de uma sede. No primeiro momento o Vadinho tinha dado para nós a casa que é onde hoje funciona a EMATER. Mas o Aldeir já tinha prometido aquele espaço para a EMUBES e ficou de arrumar outro e infelizmente não caminhou. Nós ficamos chateados! Mas ainda com esperança porque ficou de ver! ver! Aí terminou o meu mandato, entrou outro e acho que perdemos uma oportunidade. Acho que a gestão nova da FEMAC deveria continuar olhando com carinho porque eu acho que precisa de uma sede própria. Daí pra frente, desta frustração com a sede, nós começamos a trabalhar sozinhos. Eu apresentei chapa para disputar o partido com o Sereno, alguns acharam que podia ser afronta. Eu tinha um pensamento que pelo fato do Sereno ser o secretário ele ficaria muito sobrecarregado. A Direção do partido na mão de alguém menos sobrecarregado fluía mais. Nós passamos por cima disso tudo, conseguimos dar a volta por cima, eu não saí do partido. Não quis desfiliar em momento de raiva, mas a frustração maior foi esta, a não viabilização da sede. O Vadinho chegou dar para nós, lá no gabinete dele, mandou a gente pegar a chave, esta casa era ótima, central, Praça Guido, de fácil acesso para as filiadas, perto do ponto ônibus, mas que não foi pra frente.
A FEMAC nestes oitos funcionava a todo vapor. Com a mudança no estatuto nós conseguimos entrar no Conselho de Assistência Social e adquirimos um recurso. Com estes recursos nós tivemos a condição de alugar uma sede, comprar mesa, cadeira, computador, bebedouro e comprar um carro. Nós fizemos um projeto, conseguimos duas emendas parlamentares, uma para comprar o mobiliário e outra para comprar um veículo que a FEMAC tem até hoje e que já está precisando ser trocado. Tem que ser feito outro projeto.
Nós vimos que se não fossem realizadas parcerias nós não íamos conseguir nada. Alguns nos criticaram, outros elogiaram.
FEMAC 25 anos - Poder Legislativo - Como foi a relação nestes 25 anos? Na sua vivência quais foram os momentos de maior tensão e por quê? Quais foram os fatos e momentos convergentes e por quê? Qual o aprendizado para o movimento comunitário?
Ângela Teixeira de Paula - Nós começamos no mandato do Dirceu e eu não estou lembrada quem era o presidente da Câmara na época. No período do Oswaldinho, presidente nós tivemos um bom relacionamento, Ele ajudou muito a FEMAC, como eu já citei, os eventos realizados na Associação dos Empregados. Na gestão do Vadinho em fiquei um período, a relação com a Câmara não teve problema.
FEMAC 25 anos - A sustentação financeira da FEMAC sempre foi um ponto de preocupação para os dirigentes, ao mesmo tempo, que as ações de arrecadação são também um ponto que une as lideranças. Pode nos falar sobre a prática da FEMAC no campo da arrecadação financeira ao longo dos seus 25 anos.
Ângela Teixeira de Paula - Na nossa época por ter um bom relacionamento com as afiliadas nós tínhamos pagamento da mensalidade em dia. O pessoal era muito fiel com a mensalidade que era de cinco Reais, e depois foi reajustada para dez reais. Nós realizamos eventos: Nós devolvíamos muito para as associações: A princípio o marceneiro deu muita força para o movimento, porque nós tínhamos onde reunir. Se precisasse usar o computador, o marceneiro permitia, as cópias Xerox eram na Câmara. Como a FEMAC não pagava o aluguel a despesa era menor e dava para sobreviver com a mensalidade e alguns eventos. E também a gente doava muito da gente, muitas vezes tiramos o dinheiro do nosso bolso. Quando a FEMAC saiu do marceneiro e não tinha para onde ir, o CAS – Centro de Assistência Social nos acolheu na liga Operária, na Rua 22 de maio. Foi um grande parceiro, pois a FEMAC não tinha ainda como pagar o aluguel. A Célia estava trabalhando na época, e tirava parte do salário dela e destinava para a FEMAC. A FEMAC assumia vários serviços para as associações: confecção de ata, reforma de estatuto e não cobrava nada da afiliada porque ela pagava em dia a mensalidade. Nós achávamos que era o mínimo que devíamos fazer naquele momento. Além de ir às comunidades fazer a discussão, prestar a assessoria, agente (Eu e a Célia) sentava no computador e fazia tudo para as afiliadas. Todos estes custos com papel, tinta era a Célia que custeava com a sua doação.
Depois foi surgindo outras fontes de receita, nós fizemos a parceria do banheiro lá no horto com o Vadinho, que deu muito certo. Nós fizemos uma quadrilha na Praça Cuido, contratamos a banda AG 4, fizemos parceria com a melhor idade. Fazíamos almoço.
FEMAC 25 anos - Nos últimos anos a FEMAC passou a receber subvenção pública pode nos falar deste tempo?
Ângela Teixeira de Paula – Nós recebemos uma verba que nem estávamos esperando: recebemos uma ligação do Gabinete do Deputado Juarez Távora que nós não tínhamos tido nenhum relacionamento. Fomos informados que ele destinou para nós. Eu a Célia fomos a Belo Horizonte várias vezes organizamos os documentos e recebemos a emenda. A FEMAC nunca teve na mão de político nenhum. A compreensão é que é o dinheiro público, não é dinheiro do político. E poderia ter sido destinado a qualquer outra instituição.
FEMAC 25 anos - A FEMAC é uma entidade plural onde já conviveram as mais diversas correntes políticas e religiosas da cidade. Pode nos falar sobre a prática ecumênica e democrática no interior da FEMAC nestes 25 anos? Seus desafios e avanços.
Ângela Teixeira de Paula - Durante o meu mandato, a questão política nunca foi problema porque eu me relacionei bem com a diversidade. Eu não tive problema porque a FEMAC era apartidária. A FEMAC não é partido político, no meu modo de ver, e dentro da minha diretoria nós tínhamos pessoas de vários partidos e sempre um respeitou o outro. A FEMAC nunca fez política partidária, a política nossa era a política do bem comum. O que a gente queria era uma cidade melhor, um mundo melhor para viver. Um bairro melhor. Acesso melhor ao ônibus, principalmente nas partes mais altas da cidade. A questão da água e do esgoto, isto tudo é política que faz parte da vida da gente. Se você não se envolver com estas políticas não consegue nem sobreviver. No meu modo de pensar a FEMAC sempre esteve aberta às políticas públicas, políticas do bem comum. Política partidária dentro da FEMAC não tem.
FEMAC 25 anos - Em função de que a FEMAC se viu dividida internamente ao longo dos últimos 25 anos? Como a FEMAC trabalhou as suas divisões internas ao longo dos seus 25 anos?
Ângela Teixeira de Paula – No final do meu mandato nós tivemos uma divisão interna. Infelizmente isso é chato porque a gente não consegue agradar a todos. Esta divergência interna proporcionou o afastamento de duas pessoas do grupo que fizeram muita falta. A divergência se deu em função de questões práticas do dia-dia: (mudança no estatuto e ritos internos de compra e prestação de contas). Uma coisa que me fez ficar muito aborrecida é até afastar do movimento foram críticas feitas ao nosso trabalho no mandato seguinte. Eu ajudei na montagem da diretoria, na transição, mas depois desse comentário eu afastei e nem pretendo voltar a militar no movimento. Estou participando da Associação Solano Trindade e só. Quando eu peguei a FEMAC eu a encontrei numa situação muito difícil, após uma renúncia, não tinha quem queria pegar, me estimularam com muita insistência e eu assumi numa situação muito difícil. Eu peguei a FEMAC sem nada, mas sem nada mesmo. E quando eu saí nós fizemos o inventário e repassamos tudo: O carro, os equipamentos, as cadeiras, as mesas, computador, notebook. Nós deixamos um patrimônio. Deixamos dinheiro em caixa. Deixamos o aluguel pago, o convênio encaminhado. Entregamos todos os livros de ata das reuniões e das eleições organizados. Depois eu vi um comentário na rede social dizendo que a FEMAC foi encontrada na lata do lixo, não sabendo se era por incompetência ou por covardia. Eu fiquei muito chateada por isso. Eu lutei muito pela FEMAC. Pensei pedir uma reunião para esclarecer este assunto, mas fui estimulada a deixar pra lá. Então me afastei. Nós tínhamos uma equipe excelente na FEMAC e muito de boa de serviço.
FEMAC 25 anos - A FEMAC foi ao longo dos últimos 25 anos uma grande articuladora de trabalho voluntário em prol de causas coletivas. (saúde, educação, saneamento, segurança etc.) Pode nos falar deste potencial mobilizador da FEMAC neste período de existência da entidade? Quais os atuais desafios. Quais as estratégias que o movimento comunitário utiliza hoje para mobilizar voluntários? Quais são os temas que a FEMAC prioriza hoje?
Ângela Teixeira de Paula – A FEMAC sobrevive até hoje de trabalho voluntário. A FEMAC não é uma empresa privada é uma entidade de voluntários, mas hoje está difícil encontrar voluntários. E às vezes não é nem por não querer, às vezes é por necessidade: por causa do trabalho, pela sobrevivência.
FEMAC 25 anos - Como você vê a FEMAC nos próximos 25 anos? O que a FEMAC estará fazendo daqui a 25 anos e como
Ângela Teixeira de Paula – Não só a FEMAC, mas todos os movimentos estão tentando resistir, porque nós estamos em período de resistência. As dificuldades estão muito grandes. A cada dia a questão política vem mais forte em cima do movimento social. Nos últimos tempos nem temos ouvido falar muito em movimento social. Temos ouvido falar em alguns grupos individuais. Eu penso que a tendência é acabar, é o meu modo de ver. Alguns estão resistindo, mas está muito difícil a sobrevivência.